sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Substantivos Abstratos, Concretudes Possíveis na Flica 2011 #03


Dinheiro
Aurélio Schommer

É, estou a falar de coisas sujas, não é mesmo? Tirem as crianças da sala. Os adultos sensíveis também. Quem gosta não admite esse querer nem sob tortura. Imagine, com tanta gente passando fome... E não é que na Flica vamos falar desse substantivo puramente abstrato, invenção humana quase sem sentido? Começa já na mesa de abertura com a pergunta óbvia a propósito do tema: isso vende? Quanto às mesas matinais de quarta, quinta, sábado e domingo, já sabemos: não vende. Portanto, acho que não irão tocar no assunto. Para que se lamentar? Em outras mesas, o dinheiro deve aparecer na forma de debates sobre economia, caso de sexta-feira, quando trataremos de conflitos étnicos. Eu tenho uma pergunta preparada para essa mesa que vai ao ponto: dinheiro. Os convidados terão coragem de falar de algo tão sujo?

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

A Flica abre nesta sexta, dia 30, as últimas 50 vagas por mesa para o Pátio do Telão

foto: Marcus Ferreira


Informamos que as últimas 50 vagas para o Pátio do Telão terão inscrições abertas nesta sexta, dia 30 de setembro. Após a abertura de 100 vagas no dia 23 de setembro para o mesmo espaço, a procura continuou intensa, esgotando rapidamente as inscrições. Por isso esta nova e definitiva rodada de inscrições.


Em sua 1ª edição, a Flica conta com o apoio da UFRB para realização da festa. Portanto, as mesas de debate acontecerão em seu auditório, que tem a capacidade de 250 pessoas, com transmissão ao vivo para o Pátio do Telão. Devido à grande demanda, as inscrições se esgotaram rapidamente nos dois espaços. 


Nesta sexta, dia 30 de setembro, é a última chance para acompanhar de perto as mesas da primeira festa literária da Bahia.

Leituras subversivas

foto: divulgação


Perguntado por Augusto Nunes se suas obras deveriam ser adotadas em escolas, Leandro Narloch respondeu: “Não, prefiro que adquiram como quem compra algo para ler escondido”.


Felizmente, a escola não tem o poder doutrinário que se autoatribui. Não adianta repetir que Tiradentes foi um herói nacionalista, que a República nasceu do clamor popular, que Getúlio Vargas foi o pai dos pobres. São meias-verdades, não são fatos, e a leitura subversiva, de livros que não estão na escola, tratarão de desfazê-las, de desmoralizá-las. 


O bom livro de história é de oposição, como o bom jornalismo, lê-se escondido, à margem da escola, do oficialmente aceito. O bom livro de história é provocação às "verdades" ditas nas escolas. “Ah, mas Leandro Narloch é de direita”, você acusa. Pode ser, mas a esquerda também é livre para ser subversiva, para provocar com livros de história subversivos, que digam, por exemplo, que a revolta escrava de 1816, em Santo Amaro, é mais importante do ponto de vista popular que o 2 de julho, disputa entre elites. Se quiserem provocar Leandro, que tal começar usando a mesma arma: questionar a história ensinada nas escolas a partir de um ponto de vista subversivo de esquerda?

Os Invisíveis

fotos: Elaine Quirelli // Divulgação // Divulgação


Quem lê os autores baianos contemporâneos são apenas os autores baianos. Uns compram os livros dos outros. É um diagnóstico radical, assaz negativo, há controvérsias, mas não está longe dos fatos. Contam-se nos dedos os leitores outros de autores baianos publicados por editoras baianas. Os publicados por editoras do Sul têm um pouco mais de leitores, mas somados não chegam a um milésimo sequer de um Jorge Amado.


O problema não é só da Bahia. Tirando Rio-SP, Pernambuco (por conta de um incentivo substancial do governo local) e RS, as unidades da federação não têm indústria editorial robusta, muito menos autores lidos nacionalmente. Mas nós, pelo menos, temos talentos, como Gustavo Falcón, Adelice Souza e Márcio Matos. Faltam-nos os leitores e os meios de chegar até eles. Só o talento não basta, ou já será um bom começo? Bem, vamos avançar no debate na Flica.

Escritores e Pensadores

foto: Agência A Tarde


Nem todo escritor é um pensador. A maioria dos pensadores também escreve. O que diferencia um mero escritor de um pensador? A capacidade de propor questões nunca propostas antes, usando os recursos do imaginário, as figuras literárias, seja através da ficção ou não. Hélio Pólvora é um dos poucos baianos vivos a merecer a fama de pensador, dos bons. 


Hélio não é um pensador apenas por Inúteis Luas Obscenas, sua última obra, ficção de raras qualidades, mas por sua visão única das circunstâncias da existência. É um luxo tê-lo conosco na Flica, na mesa “Linguagens e Geografias”, sábado 14/10, às 19h.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Substantivos Abstratos, Concretudes Possíveis na Flica 2011 #02


Política
Aurélio Schommer

É talvez o substantivo mais abstrato entre todos. No meio literário, assim como no acadêmico, todo mundo faz, mas ninguém admite. Tirem essa palavra feia e velha de perto de mim. Na Flica teremos uma penca de políticos que não se assumem e dois ou três que admitem: têm opiniões políticas, sim. Fernando Morais é um deles, dos bons, que dizem logo a cor do time: esquerda. Pedro Mexia também assume lado: direita. João Pereira Coutinho, Germano Almeida, Ubiratan Castro, Rodrigo Constantino e outros se assumem como políticos ou, pelo menos, interessados no assunto. Num tempo em que o substantivo abstrato “política” é um palavrão mais sujo que “sexo”, é bom saber que temos tantas pessoas que fazem (política e sexo) e não negam o óbvio.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Substantivos Abstratos, Concretudes Possíveis na Flica 2011 #01

foto de Pedro Mexia retirada daqui


Paixão
Aurélio Schommer 

É doença, e a Flica traz, digamos, um cientista especializado em pesquisar sobre essa doença. É Pedro Mexia, que anda a sondar a sério essa nossa tendência errática a algumas coisas, objetos e pessoas um valor indevido, muito além do razoável. Ele tem estudado especialmente o caso da paixão interpessoal, algo que toda a razão do século XXI não consegue tirar do centro das preocupações da maioria. Ou esse negócio piegas de cara metade existe mesmo? Confira na Flica.

Já que estamos falando de paixão, vamos falar do contrário, de um povo que não consegue se apaixonar por si mesmo. De Capistrano de Abreu a Nelson Rodrigues, temos o diagnóstico da falta de estima dos brasileiros por sua própria nacionalidade. Mas será que seguimos tendo excesso de autocrítica? Bem, vou provocar Leandro Narloch a respeito e ver no que dá. Um dia antes, se sobrar tempo, pois o tema da mesa é sensacional, farei o mesmo com Ubiratan Castro. O brasileiro não ama seu país?

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Ana Maria Gonçalves e Cachoeira - das páginas de “Um Defeito de Cor” à Flica

foto: Divulgação


Partindo da forma como escritores relatam cidades reais e imaginárias, da geografia urbana como cenário, Ana Maria Gonçalves trará à Flica o tema da recriação de cenários africanos no Brasil. O terreiro é exemplo dessa reconstrução de identidades espaciais, necessária como lembrança cultural e como criação de espaços de convivência livres do controle direto do senhorio.


Muitas reconstruções de geografias africanas adaptadas aos espaços do Brasil entraram em “Um Defeito de Cor”, magnífica obra de Ana Maria. Ela nos contará como se deu esse processo, essa leitura e esse relato das cidades imaginárias (no tempo) e reais (no espaço) presentes em seu texto histórico-ficcional.

O grande encontro do conto - Ronaldo Correia de Brito e Marcelino Freire em Cachoeira

Fotos: Barbara Wagner // Renato Parada


Na Flica 2011, que celebra da poesia ao romance em sua programação, o gênero conto, expressão sintética e completa ao mesmo tempo, está devidamente representado por dois dos principais contistas da literatura brasileira, premiados e reconhecidos pelo país, inclusive em ações culturais para além das letras: o cearense Ronaldo Correia de Brito e o pernambucano Marcelino Freire. De estilos diferentes, os autores irão festejar a considerável ascensão do conto na preferência do público leitor.


Confira a opinião do curador Aurélio Schommer sobre este grande encontro do conto na Flica 2011:


Ronaldo Correia de Brito não é retirante, mas escreve sobre o retirante, quer dizer, sobre o retirante antes de se retirar, pregado lá no sertão perdido, a paisagem seca, vida seca, simples, sem motivo. Sim, todas as vidas são sem motivo, mas no sertão é mais.


Marcelino Freire é retirante, típico, sertão de Pernambuco-São Paulo, ônibus da Itapemirim, três dias e três noites de viagem, a tralha toda, a filharada, tudo enfiado no ônibus. Mas não escreve sobre o retirante, sua prosa é paulistana, curta, direta, sem vírgulas, sem pausas, ou melhor, com pausas não demarcadas, devaneios sobre a busca de motivos para a vida, que em São Paulo tá todo mundo buscando motivo, o tempo todo, não para, é motivo que não para mais. Se não encontra, é depressão, que dá mais inspiração literária.


Ronaldo é do Ceará; Marcelino é de São Paulo, ou de Pernambuco. Vão se encontrar na Bahia, que não é Ceará, não é São Paulo, não é Pernambuco. Aqui a baianidade é o motivo, paisagem humana e paisagem natural fundidas em harmonia poética. E assistir ao debate entre o retirante e o que fala do retirante também é um motivo para o baiano, faz parte da baianidade ficar ouvindo histórias dos outros. Como diz Marcelino: eta, danado.

O cabo-verdiano Germano Almeida é um dos destaques da Flica

foto: Divulgação


Irônico e trocista, Germano é reconhecido por manipular a realidade e a ficção, fundindo, distorcendo, recriando, tal como na pintura impressionista. O autor cria as personagens e lugares dos seus romances sem desenhar pormenores ou detalhes, mas criando nos leitores as impressões necessárias à construção psicológica e até física desses personagens e lugares.


Harold Bloom, ao elevar Machado de Assis à categoria de gênio, escreveu: “apesar de ter vivido no Rio de Janeiro...”. Não faremos essa maldade com Cabo Verde, contudo vá lá, o senso comum não espera encontrar um gênio na literatura do simpático arquipélago. Mas eis Germano Almeida, gênio, sem dúvida. Não falaremos mais disso, leia-o e tire suas próprias conclusões. Germano não vem a Cachoeira apenas para falar de sua literatura ou de Cabo Verde, onde já exerceu o cargo de Procurador Geral. Vem debater com João Pereira Coutinho sobre as heranças lusas e as peculiaridades dos mundos lusófonos formados a partir da epopeia portuguesa do século XV. Aliás, isso não importa. Ouça-o e tire suas próprias conclusões.

A Flica é um evento pioneiro que irá movimentar o cenário cultural e turístico da Bahia com uma programação literária inédita no Estado

foto: Marcus Ferreira


Quem não conhece a cidade histórica de Cachoeira, localizada no Recôncavo baiano, a 110 km de Salvador, tem agora uma grande oportunidade para começar a arrumar as malas. Pela primeira vez no Estado, com patrocínio da Oi e Governo da Bahia, uma festa literária reunirá ícones da literatura nacional e internacional com o objetivo de debater a respeito da cultura brasileira. Trata-se da Flica (Festa Literária Internacional de Cachoeira), que acontecerá entre os dias 11 e 16 de outubro.


Separada do município de São Félix pelo rio Paraguaçu, que nasce na Chapada Diamantina, e ligada a ele por uma ponte de ferro (construída por ingleses e inaugurada por D. Pedro II em 1859), Cachoeira é dona de uma beleza indescritível.  Construções coloniais, tais como a Santa Casa (1734), a Capela de Santa Bárbara, o Chafariz Imperial (1827) e a Igreja da Ordem Terceira do Carmo (1724), fazem qualquer turista se sentir em um cenário de filme de época. 


Por toda sua representatividade no Brasil, em 1971, Cachoeira foi tombada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), passando a ser conhecida como "Cidade Monumento Nacional". Além de reunir o segundo mais importante acervo arquitetônico do estilo barroco da Bahia – ficando atrás apenas da capital, a cidade tem grande importância por conta da Irmandade da Boa Morte (grupo remanescente de escravos, composto só de mulheres negras, primeiro terreiro de candomblé do país).


Na opinião do secretário de Turismo, Domingos Leonelli, esse é um evento que tem a tendência de se consolidar cada vez mais: “tudo indica que, nos próximos anos, a Flica vai se configurar como uma grande atração do calendário turístico baiano", afirmou.


Já o Superintendente de Promoção Cultural, Carlos Paiva, acredita que a Flica vem preencher a lacuna que existia para este tipo de evento no segmento literário. De acordo com ele, o evento ganha mais ainda em qualidade pelo fato de estar sendo realizado em Cachoeira, “cidade com crescimento calcado na educação e na cultura, confirmando a iniciativa visionária de seus organizadores”.


Paiva considera essencial a realização de eventos em que a produção artística baiana possa dialogar com a de outros estados e países, debatendo também temas importantes em cada segmento cultural. 


Para a diretora de Cultura do Oi Futuro, Maria Arlete, por conta do patrocínio da empresa para a realização da Flica, é possível disseminar a cultura brasileira e colaborar com o desenvolvimento econômico da cidade. “O Oi Futuro é o instituto de responsabilidade social da Oi, que tem como objetivo contribuir com o desenvolvimento humano e social dos cidadãos, especialmente jovens”, explica Maria Arlete.


A Flica 2011 tem patrocínio da Oi e Governo do Estado da Bahia através do Fazcultura, Bahiatursa, Secretaria do Turismo, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda. A realização é da Putzgrillo! Cultura, com apoio do Oi Futuro, Secretaria da Educação, Fundação Pedro Calmon e Rede Bahia, além do apoio institucional da UFRB e da Prefeitura Municipal da Cachoeira.

Louise Cibelle
Metta Comunicação
Assessoria de Imprensa Flica 2011

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A Flica abre novas inscrições nesta sexta 23

foto: Marcus Ferreira

Informamos que as inscrições para as mesas de debate, no Auditório da UFRB, estão encerradas. Devido à grande procura, abriremos novas inscrições para o Pátio do Telão, espaço alternativo dentro da própria UFRB, com transmissão ao vivo das mesas de debate. Estas inscrições começam no dia 23 de setembro.


Em sua 1ª edição, a Flica conta com o apoio da UFRB para realização da festa. Portanto, as mesas de debate acontecerão em seu auditório, que tem a capacidade de 250 pessoas. Devido à grande demanda, as inscrições se esgotaram rapidamente, que foram iniciadas no dia 13 de setembro, e encerradas no dia 21. 


Este fato fez com que a Coordenação Geral do evento se mobilizasse para a criação de um novo espaço, dentro da UFRB, que se chama Pátio do Telão, onde será realizada a transmissão ao vivo das mesas.

Sexta-feira de raça

foto: Ângelo Duarte


Raça não existe, afirmam os antropólogos. Somos uma única espécie, ponto final. Mas então por que existe racismo e racialismo? E por que tanta gente achou de transformar isso em militância, em causa, achou de propor mudanças legais tendo a raça (suposta) como motivo? Na Flica, teremos duas mesas, na mesma data, em horários diferentes, para debater isso. Pela manhã, Joel Rufino dos Santos, Ana Maria Gonçalves e Luislinda Valois debatem sobre o negro na história, sobre o racismo que historicamente pesa sobre quem tem muita melanina na pele. À noite, o debate é sobre o contexto do racismo e do racialismo em dois países análogos, Brasil e Estados Unidos, com Liv Sovik, Rodrigo Constantino e Nei Lopes. Sabemos que os três têm opiniões muito divergentes entre si. O debate promete muito.

Aurélio Schommer

João Pereira Coutinho, esse menino

foto: divulgação

Digite “João Pereira Coutinho” no Google. Vai aparecer, em meio aos resultados, uma galeria de fotos do português. Cara de menino tímido, dá pena. Se as mulheres tiverem de fato vocação maternal, vão querer dar colo. E não é que o menino é um intelectual de porte? Pela foto, não se diria. Seus muitos leitores no Brasil, brindados com sua presença constante na Folha de São Paulo, vão poder contemplar o menino pessoalmente. Ele virá representar a antiga metrópole em Cachoeira, lugar que achou de se separar da metrópole em 1822 com o emprego da violência necessária. Fosse Coutinho, e não Madeira de Melo, o enviado das Cortes, a história seria outra. Seria? Vamos conferir na Flica, 16 de outubro, ele vai estar lá, tá confirmado. Quem sabe a gente não anula esse negócio de separação entre Brasil e sua velha metrópole. Portugal, esse país menino, está a precisar de colo.


Aurélio Schommer

As Três Primeiras Vilas da Bahia

Prof. Ubiratan Castro - foto: divulgação

Salvador é de 1549. Por século e meio, foi a única Câmara, única sede política, da Capitania da Bahia*. Até serem elevadas à vila São Francisco do Conde, Jaguaripe e Cachoeira. Por que essas três povoações foram escolhidas para serem as primeiras vilas da Bahia? Que histórias há para contar sobre elas? Por que não há um grande afluxo turístico histórico a essas cidades, como ocorre em Ouro Preto e Mariana? Como resgatar a memória e o patrimônio histórico das primeiras vilas e chamar a atenção do mundo para elas? Como contar aos próprios sãofranciscanos, cachoeiranos e jaguaripenses os feitos de seus antepassados, especialmente dos muitos escravos que não deixaram relatos escritos de seus sofrimentos e feitos? 


No feriado de 12 de outubro, às 15 horas, Aurélio Schommer e o historiador Ubiratan Castro irão debater sobre as três primeiras vilas na Flica. Imperdível.


*São Cristóvão é de 1591. Na época, pertencia à Bahia. Ilhéus é de 1536. Na época, não pertencia à Bahia. Portanto, o conceito de três primeiras vilas é restrito àquelas que pertenceram continuamente à Bahia.

domingo, 11 de setembro de 2011

Opiniões fortes, Fernando Morais

foto: Janete Longo

Ele diz o que lhe dá na telha. Fernando Morais tem opiniões fortes e polêmicas sobre Brasil, Cuba e outros projetos de nação mal acabados. Ninguém consegue ignorá-lo, mas não é por isso. É porque é um biógrafo de primeira linha, que faz o biografado brilhar sem ser parcial. Se tem defeitos, lá estão, em destaque, como os de Paulo Coelho, revelados em “O Mago”. Mas Fernando não é só bom biógrafo. É bom em muitas outras coisas, como nas opiniões fortes e sinceras, já mencionadas, e nas histórias coletivas contadas em outras obras suas. 


Não deixando de ser jornalista, comprometido com a apuração dos fatos, Fernando escreve como romancista, dos melhores. Autor de “A Ilha” e “Olga”, lança na Bahia o seu mais novo livro, “Os Últimos Soldados da Guerra Fria” (Cia das Letras). Ele será uma das estrelas da mesa de abertura da Flica, dia 11, juntamente com Miguel Sanches Neto e Raquel Cozer.
Aurélio Schommer

Já em sua 1ª edição, a Flica garante uma rica programação musical gratuita

Em 2011, a Flica inova ao apresentar uma rica programação musical aberta ao público, às margens do Rio Paraguaçu, para celebrar o grande encontro literário em Cachoeira. Às 22h, após as atividades literárias, durante os 06 dias do evento, irão se apresentar atrações que estão dando orgulho à riqueza musical da Bahia. Logo na estreia, a celebrada Orkestra Rumpilezz, que abre os caminhos com seu afrojazz legitimamente baiano e universal. E, nos dias a seguir, BaianaSystem, Magary, Samba de Roda Suerdieck, Percussivo Mundo Novo e Clécia Queiroz.


A programação musical da Flica 2011 tem o patrocínio exclusivo da Bahiatursa e da Secretaria do Turismo, Governo do Estado da Bahia. Confira abaixo as atrações:


Terça 11/10 - Orkestra Rumpilezz



Quarta 12/10 - BaianaSystem




Quinta 13/10 - Magary



Sexta 14/10 - Samba de Roda Suerdieck



Sábado 15/10 - Percussivo Mundo Novo



Domingo 16/10 - Clécia Queiroz


O Livro em Papel Acabou - Bob Stein

foto: Divulgação

Bob Stein é uma das maiores autoridades mundiais em livro digital. Ele preside o Instituto para o Futuro do Livro, que tem o objetivo de explorar e influenciar a evolução de novas formas de expressão intelectual. O meio físico papel tem um sério problema de escala. Se a venda média de uma edição no Brasil não chega a dois mil exemplares, número mínimo para tornar a edição comercialmente viável, vai ficar pior com a concorrência do digital. Ou seja, o livro em papel será um luxo para poucos, impresso sob encomenda de ricos saudosistas. 


A Bahia, que há 50 anos não concorre no mercado nacional de livros impressos, não tem mais chance de concorrer, mas pode apostar no novo mercado, digital. Para isso, é bom ouvir o que Bob Stein tem a dizer na Flica, dia 15/10, sábado, na mesa “O Fetiche do Livro em Papel e o Meio Digital”, junto aos professores Fábio Fernandes e André Lemos, que responde pela curadoria específica da mesa.


Aurélio Schommer

Aurélio Schommer: De escritor independente a curador da 1ª festa literária da Bahia.



Escritor, roteirista e revisor, possui sete livros publicados. Foi presidente da Câmara Bahiana do Livro (CBaL) em 2009/2010. É ativista da cadeia produtiva do livro na Bahia, pesquisador autodidata, focado nas questões históricas e políticas. É o curador da Flica - Festa Literária Internacional de Cachoeira, resultado mais concreto até então de sua militância na área do livro e literatura na Bahia.