segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O grande encontro do conto - Ronaldo Correia de Brito e Marcelino Freire em Cachoeira

Fotos: Barbara Wagner // Renato Parada


Na Flica 2011, que celebra da poesia ao romance em sua programação, o gênero conto, expressão sintética e completa ao mesmo tempo, está devidamente representado por dois dos principais contistas da literatura brasileira, premiados e reconhecidos pelo país, inclusive em ações culturais para além das letras: o cearense Ronaldo Correia de Brito e o pernambucano Marcelino Freire. De estilos diferentes, os autores irão festejar a considerável ascensão do conto na preferência do público leitor.


Confira a opinião do curador Aurélio Schommer sobre este grande encontro do conto na Flica 2011:


Ronaldo Correia de Brito não é retirante, mas escreve sobre o retirante, quer dizer, sobre o retirante antes de se retirar, pregado lá no sertão perdido, a paisagem seca, vida seca, simples, sem motivo. Sim, todas as vidas são sem motivo, mas no sertão é mais.


Marcelino Freire é retirante, típico, sertão de Pernambuco-São Paulo, ônibus da Itapemirim, três dias e três noites de viagem, a tralha toda, a filharada, tudo enfiado no ônibus. Mas não escreve sobre o retirante, sua prosa é paulistana, curta, direta, sem vírgulas, sem pausas, ou melhor, com pausas não demarcadas, devaneios sobre a busca de motivos para a vida, que em São Paulo tá todo mundo buscando motivo, o tempo todo, não para, é motivo que não para mais. Se não encontra, é depressão, que dá mais inspiração literária.


Ronaldo é do Ceará; Marcelino é de São Paulo, ou de Pernambuco. Vão se encontrar na Bahia, que não é Ceará, não é São Paulo, não é Pernambuco. Aqui a baianidade é o motivo, paisagem humana e paisagem natural fundidas em harmonia poética. E assistir ao debate entre o retirante e o que fala do retirante também é um motivo para o baiano, faz parte da baianidade ficar ouvindo histórias dos outros. Como diz Marcelino: eta, danado.

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