sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Resumo da mesa “As Primeiras Vilas da Bahia” - Ubiratan Castro e Aurélio Schommer

foto: Vinícius Xavier

Ubiratan Castro (Professor Bira) e Aurélio Schommer discutiram a história das vilas baianas de Cachoeira, São Francisco do Conde e Jaguaripe e de sua relação com a capital, Salvador, que na época já era uma cidade.

Professor Bira começa falando sobre a índia Paraguaçu, mais tarde Catarina Paraguaçu, juntamente com o “Caramuru” Diogo Álvares Correia são parte da história do Brasil e da fundação da Vila do Pereira. Catarina Paraguaçu, depois de casar com o Caramuru se torna uma das principais colaboradoras da colonização portuguesa ao dar apoio com um exército Tupinambá à coroa.

O mar era uma via que levava os senhores às suas terras no recôncavo facilmente, sem que tivessem que deixar de morar em Salvador. Esses senhores cuidavam de seu gado de maneira simples, levando-o sertão adentro em caravanas, e trazia o gado engordado para o consumo no recôncavo.

O surgimento da Vila de Cachoeira se deu depois da busca pelo ouro, que mudou todo o cenário: "O ouro é que chega e muda tudo. Traz gente de todo o mundo, desperta a ambição dos chamados 'desclassificados', para Salvador", explica o professor. Com isso, várias casas de comércio se instalaram em Salvador, e com essa mudança comercial os senhores dos engenhos do recôncavo perderam força, deslocando-se para suas fazendas e lá construindo vilas. Cachoeira foi a primeira dessas vilas, um local de transbordo, por onde passavam estradas reais em direção às Minas Gerais e pelo qual o ouro chegava.

São Francisco do Conde surge da mistura dos Franciscanos com os senhores de engenho. Lá havia muita repressão da fuga de escravos, comandada pelos senhores de engenho que dominavam a região. Segundo Ubiratan, a principal diferença entre Cachoeira e as outras vilas do recôncavo era de cunho social e político: “As outras vilas eram senhoriais e sua posição política era a de hegemonia dos senhores de engenho, enquanto Cachoeira era comercial e liberal como Salvador”. A guerra da Independência da Bahia é paga pela prosperidade das vilas de Santo Amaro e São Francisco do Conde

Sobre a escravidão e sua relação com o recôncavo, Ubiratan explica que Cachoeira e as cidades próximas produziam açúcar na área litorânea e fumo de rolo, que era a moeda da compra de escravos, em sua maioria os Bantos (o fumo era usado pelos africanos para a higiene bucal). Esse tráfico é estancado pela pressão dos ingleses (1850), que chegam a afundar navios negreiros. Com o fim da compra de escravos, o fumo perde importância e acaba sendo utilizado posteriormente pelos comerciantes alemães para produzir charutos finos.  “O charuto tinha que ser enrolado nas coxas das mulheres de Cachoeira e Maragogipe, tudo pela carga erótica”, conta o professor.

Posteriormente o petróleo e a tecnologia que dele deriva trouxeram as estradas, carros e caminhões, que deslocam a atenção do recôncavo para Salvador, levando daqui a mão de obra. Com isso, Cachoeira e as cidades vizinhas perdem espaço: “Quem vê Cachoeira hoje, não a vê como era no auge. Cachoeira tinha negros riquíssimos, como as Irmãs da Boa Morte, todas cobertas de ouro e jóias”, lamenta Ubiratan. O professor espera que o desenvolvimento prometido para a Baía de Todos os Santos traga de volta a força comercial que Cachoeira tinha, através da construção naval e da Universidade Federal do Recôncavo (UFRB).

Aline Cavalcante

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