sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Resumo da mesa “História do Brasil: o Despertar do Interesse Público” - Leandro Narloch e Aurélio Schommer

foto: Vinícius Xavier

Leandro Narloch é um jovem jornalista paranaense que vendeu mais de 100 mil cópias do seu Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, fazendo com que a realidade do interesse do publico pela história mudasse, tudo porque em vez de reforçar a ideia dos nossos vários heróis históricos, ele os desconstruiu. Ao lado de Aurélio Schommer, Narloch discutiu esse processo.

Professores ranzinzas contavam coisas negativas e cruéis da história, observando-a sempre da dicotomia fraco-forte, pobre-rico. “O historiador tinha uma ideia de que os países ricos exploravam os países pobres e tentavam empurrar isso na história”, comentou Narloch sobre as causas do surgimento desse novo modo de fazer história, começado por Eduardo Bueno e Laurentino Gomes.

Os historiadores tiravam conclusões a partir de provas documentais, sem levar em conta suas próprias ideologias. Os jornalistas são os primeiros a perceber as divergências na história.

Narcloch desconstruiu a ideia de que o negro e o índio são fracos, dizendo que ouviu dizer que os portugueses aprenderam a contar com os negros. A historiografia anterior, em vez de defender essas etnias, as atrapalhava e desprotegia. “Eles esqueciam de que [essas etnias] são inteligentes e capazes de reagir e se revoltar”, reclamou.

Segundo Narloch, o negro e o índio só tinham duas opções: apanhar calados ou morrer como mártires. Esse tipo de ideologia de que o antepassado só sofria e apanhava é ruim para o processo de formação social do negro. “Tá na hora da gente amadurecer e entender que a realidade não é feita só de bonzinhos e malvados, esse são conceitos relativos”, ressaltou.

Outra desconstrução foi feita em relação aos jesuítas e seu trato com os índios. Narloch explicou que os jesuítas protegiam os índios da escravidão, mas eles mesmos os submetiam a outra. Os índios também lutavam entre si não só por causa dos portugueses, mas pela guerra. Lutavam também por dinheiro, como no caso dos índios tapuias que desbravaram o sertão, a quem a Câmara de Itaberaba teve que pagar. Os índios tupinambás que saíram da Amazônia e tomaram Olivença são outros que desmistificam a ideia do índio fraco.

O mesmo valeu para a América Espanhola. “Já não se defende que de um lado estejam os espanhóis poderosos e dominadores e de outros estejam os índios fracos e dominados”, explicou Narloch. Alguns índios se aproveitavam do poder de fogo dos espanhóis para atacar outros índios. As armas de fogo dos espanhóis eram ruins e demoravam para ser recarregadas. Somado a isso, as doenças e a força dos índios mataram muitos espanhóis no contato com a América.

O capitalismo é outra questão desmistificada. Para Narloch, o capitalismo real não existe no Brasil, porque não existem condições reais de competição mercadológica. “O capitalismo é ruim pra quem é rico, porque antes essas pessoas só precisavam ter nome para serem ricas”. Por causa do capitalismo, tornou-se necessário oferecer bons produtos ao menor preço e encarar a competição - e antes era tudo uma questão de nobreza.

A última desconstrução da noite foi sobre Gregório de Matos Guerra. Leandro afirmou que Gregório é moralista, justamente pelo vigiar do erotismo.


Aline Cavalcante

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