sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Resumo da mesa “Contos: Síntese e Completude” - Marcelino Freire e Ronaldo Correia de Brito

foto: Vinícius Xavier

Marcelino Freire e Ronaldo Correia de Brito discutiram a essência, a produção e a importância dos contos, e sua relação como os romances, na companhia do mediador Aurélio Schommer.

Do sertão para o mundo, onde a cultura negra é forte ainda que sob a sombra da fé católica, os contistas florescem. A mãe de Marcelino Freire, sua referência mais próxima do catolicismo popular sertanejo, queria que seu filho fosse “gente” – e ser gente não é ser poeta, e sim advogado, engenheiro...

Gente ou não, Ronaldo Correia de Brito é médico e contista. Para ele, o romance é “uma invenção da atualidade em que tudo cabe”, é um gênero em que se pode errar. Um bom romance é uma soma de vários acertos. O conto “é exato, tem um fôlego, um ritmo”. Dentro de tanta exatidão, não é permitido errar. O conto nasce sempre de uma impressão oral, que depois de narrada, pode ser repetida várias vezes.

Apesar da flexibilidade dos romances, Marcelino não conseguia lidar com a rotina criativa que eles exigem. “Eu não conseguia dormir pensando nos capítulos, ia sempre dormir com os personagens. Eles batem panelas no ouvido do leitor”, contou.

Ainda tratando do processo criativo, Marcelino reclamou de que as pessoas pensam que escrever é só sentar na frente do computador. “Eu escrevo contos, eu não digito contos”, revolta-se. Ronaldo é mais metódico, produz sobre uma rígida disciplina médica.

Os grandes artistas da música e da literatura falam da Bahia, e de lugares que dão vontade de viajar e conhecer nas pessoas - Marcelino contou que a Santo Amaro de Caetano Veloso foi assim para ele.

Ronaldo fez uma ressalva: Não glamourize o escritor. Escritores são de carne e osso”, pediu. Marcelino completou a ideia dizendo que festas literárias são boas por humanizarem o escritor. “As pessoas acham que os escritores ou morreram ou estão para morrer”, brincou.
 
Aline Cavalcante

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