sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Resumo da mesa “Poesia Baiana e Contemporânea - Homenagem a Damário da Cruz” - José Inácio Vieira de Melo, João Vanderlei de Moraes Filho e Darlon Silva

foto: Vinícius Xavier

Lima Trindade mediou o encontro mais poético da Flica: José Inácio Vieira de Melo, João Vanderlei de Moraes Filho e Darlon Silva recitaram, discutiram e valorizaram a poesia baiana, em especial a poesia de Damário da Cruz, o grande poeta cachoeirano. Lima ressaltou a princípio que o principal objetivo da Flica era manter o que há de melhor em Cachoeira.

Moraes abriu as discussões falando sobre o processo de produção de poesia: “A gente vai maturando, construindo e desconstruindo. Cheguei a ouvir que não sou poeta”. João Moraes começou a quebrar barreiras em sua convivência com Damário da Cruz, misturando elementos visuais na poesia.

Darlon, o mais jovem participante da Flica, explica que se encantaria pela baianidade em qualquer parte e fala da vanguarda contemporânea da poesia, dizendo que ninguém tinha competência para dizer se estava produzindo algo novo ou não, e provocando uma discussão sobre a necessidade de se inovar na produção poética: “Para mim, poesia não tem que ser algo diferente, não precisa ser uma revolução”, defende. Moraes disse que não havia público para analisar o quesito contemporaneidade, e Lima disse que o contexto é que acaba produzindo a diferença, do contrário tudo é cópia.

Várias poesias de Damário foram recitadas por Moraes de maneira emocionada, sempre para ilustrar pontos da discussão e também durante o relato do surgimento do Caruru dos Sete Poetas. O Caruru surgiu da tradição do Caruru dos Sete Meninos, idealizado por Damário para trazer a poesia para perto das pessoas. “Damário dizia que a poesia é a melhor maneira de juntar gente, e a bacia dos Sete Meninos é a representação mais próxima do Socialismo”, conta Moraes. O poeta ainda disse que há um projeto chamado Caruru dos Sete Cantos do Mundo, em que a tradição poética do Caruru dos Sete Poetas é levada primeiramente para a cidade de Cartagena, que considera uma cidade semelhante à Cachoeira do ponto de vista histórico. Esse projeto visa tornar a cidade colombiana irmã da cidade heróica através da cultura.
 
Darlon alfinetou dizendo que no Recôncavo há aqueles que fazem poesia e os que fabricam poesia, e que enquanto poesia, “o recôncavo é magia”. A discussão mudou, então, de rumo para as políticas governamentais para a cultura, em especial a responsabilidade do governo para com a regulação cultural. Para Moraes, cabe ao estado regular essa cultura, porque faz parte de um mercado cultural. “Não há um plano de leitura na Bahia, e a política de leitura é afetada pelo mercado editorial, no qual o estado influencia”.
 
A discussão entra então na temática da qualidade e quantidade de produções poéticas. Josá Inácio explica que, com a internet, a possibilidade de ter um blog fez com que a quantidade de poetas aumentasse bastante. “O que tem de repetidor de Manoel de Barros nos blogs é incrível”, brinca. Quanto à qualidade, Zé Inácio disse que mesmo quem não escreve é capaz de detectar produções boas e ruins e o tempo se encarregaria de mostrar quem cresceria na poesia: “A força do poema permanece quando o autor parte”. A crítica, segundo o poeta, é feita na base do “cumpadrismo”, são amigos que criticam amigos.
 
Darlon já foi blogueiro e contou que não gostou da experiência. Parou de produzir na internet porque achou que tinha muitas produções melhores. “Quem é que vai querer ler meus vômitos na internet?”, questiona o jovem poeta.
 
A platéia participa e comenta a poesia baiana como sendo romântica e em parte, matemática, e animou a discussão e Moraes rebateu dizendo que não via romantismo na poesia baiana. Da platéia também vieram reações, dizendo que João Cabral de Melo Neto “não rimou dois com três. Se a poesia dele é matemática, deveria ser escrita com números”. Darlon complementou dizendo que poesia é toda feita com base nos sentimentos: “A lógica não explica o que eu sinto quando estou de frente ao mar”.

A mesa se encerra com um pequeno recital de poesias feito pelos autores, com poesias de Damário da Cruz e Patativa do Assaré.

Aline Cavalcante

2 comentários:

  1. F izeram do "FLICA" de Cachoeira na Bahia/Brasil !
    L iberdade e Democracia !
    I niciantes e Antigos Literários !
    C aminharam juntos Democraticamente !
    A migos se tornaram nessa festa Cachoeirense !
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    A Darlon colega da UFBA e de poesia (pois, também dou minhas cacetadas rsrsrsrs)Parabéns na sua caminhada e muitas felicidades. Paz e Bem !

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  2. Parabéns Darlon, sucesso meu filho, que Deus te ilumine. Continue trilhando o seu caminho, sucesso menino!

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